segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Eu sou quem sou

"Um homem é aquilo que é, mais aquilo que faz e aquilo que lhe acontece. Um homem é quem é, mais o seu bom nome, a sua honra, os princípios que traiu ou não traiu. E vive com isso e é julgado por isso pelos outros. Mas nem tudo o que nos acontece, nem todo o julgamento dos outros, depende das nossas acções ou da nossa vontade."
Miguel Sousa Tavares

domingo, 3 de agosto de 2008

Imortalizar...

Fernando Pessoa disse:
"Algumas obras morrem porque nada valem; estas, por morrerem logo, são natimortas. Outras têm o dia breve que lhes confere a sua expressão de um estado de espírito passageiro ou de uma moda da sociedade; morrem na infância. Outras, de maior escopo, coexistem com uma época inteira do país, em cuja língua foram escritas, e, passada essa época, elas também passam; morrem na puberdade da fama e não alcançam mais do que a adolescência na vida perene da glória. Outras ainda, como exprimem coisas fundamentais da mentalidade do seu país, ou da civilização, a que ele pertence, duram tanto quanto dura aquela civilização; essas alcançam a idade adulta da glória universal. Mas outras duram além da civilização, cujos sentimentos expressam. Essas atingem aquela maturidade de vida que é tão mortal como os Deuses, que começam mas não acabam, como acontece com o Tempo; e estão sujeitas apenas ao mistério final que o Destino encobre para todo o sempre (...) "
E tu, como vez o teu passado. presente e futuro? podes orgulhar da tua obra, e seres recordado por aquilo que és ou foste?

terça-feira, 24 de junho de 2008

Quem sou eu?

Quem sou eu? Quem fui eu? De onde vim, onde nasci, onde fui criado? Porque estou aqui? Porque escrevo estas palavras, porque penso, porque existo? Quem sou eu raelmente?


"Não sei como pareço aos olhos do mundo, mas eu mesmo vejo-me como um pobre garoto que brincava na praia e se divertia em encontrar uma pedrinha mais lisa uma vez por outra, ou uma concha mais bonita do que de costume, enquanto o grande oceano da verdade se estendia totalmente inexplorado diante de mim " - Isaac Newton


sexta-feira, 13 de junho de 2008

Não desisto

"Trabalho com consciência e aplicação. Se me cortarem as asas, irei a pé; se me amputarem as pernas caminharei com as mãos; se por sua vez mas tirarem rastejarei sobre o ventre: desde que possa ser útil" - Istvan Széchényi

Não desisto nunca, e quando pensarem que estou a dormir, estão enganados, estou apenas de olhos fechados... serei assim em tudo na vida... tudo mesmo...


sexta-feira, 6 de junho de 2008

A sombra

A luz incide em mim. Não penetra, assim como os olhares de quem passa e faz parte desta multidão. Quem me olha vê a minha imagem, não o que sinto, o que penso, o que realmente sou. No entanto muitos me julgam, tentam avaliar-me, tentam perceber-me sem nunca terem espreitado para dentro de mim. Outros nem por isso, olham para mim como se fossem uma luz, tentam manipular-me como eu se fosse as suas mãos, as mão que se gesticulam em formas armoniosas, em sombras Chinesas... eu sou para muitos uma sombra da minha imagem que alguns manipulam como se fosse uma parte deles proprios...


sexta-feira, 30 de maio de 2008

Procura...

Talvez o que mais o ser humana procura, é o amor. Amar e ser amado. Esse sentimento pode ser manifestado pelas mais diversificadas maneiras: um gesto, um sorriso, um olhar, uma palavra um, pensamento... todos queremos ser amados, adorados...




"Gosto desta ideia: que o amor é uma forma de conversação em que as palavras agem em vez de serem faladas"
David Lawrence in O Amante de Lady Cnatterly

quinta-feira, 29 de maio de 2008

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A luxuria, o nada, o caos....

Tenho tudo e não tenho nada. Afinal não tenho nada. Nada mesmo nada. Só tormento. É impossivel conseguir estabilidade, é tudo quase impossivel, é tudo distante, tudo inantingivel. É um caos nesta sociedade pseudo-organizada. Formigas no carreiro da monotonia na vida vazia. Ausenta de atitudes mas completa de futilidades. Eu só quero viver, mas por mais que lute, sobrevivo neste mundo de seres que afundam os outros, para se manterem à tona da agua. É tudo tão triste...





Hoje estou fora de mim. apetece partir, gritar, deitar para fora toda uma raiva que está em ebulição dentro de mim. Este sentimento é arrasador... sinto o sangue a correr dentro de mim, parece lava a ferver... estou tenso, muito tenso...

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Monotonia

A Monotonia
Nos grandes momentos todos são heróis; tem-se sempre a ideia, embora vaga, de que se está representando e que o papel se deverá desempenhar com perfeição; de outro modo não aplaude o público. Depois as epopeias duram pouco; todas as forças se podem concentrar, faz-se um apelo supremo à suprema energia; em seguida permite-se o descanso, a mediocridade que apazigua e repousa; nada mais vulgar do que um herói fora do seu teatro. Não é, pois, necessário que te prepares para as crises; são horas em que sempre - se não és totalmente apagado - te encontrarás acima de ti próprio; mil elementos te farão pedestal; tão alto subirás que só te será difícil, passada a exaltação, não te admirares do que fizeste; vês-te incapaz de repetir o golpe; e para a fama do herói certamente contribui este espanto que o toma de se não ter sempre igual, de em determinada conjuntura ter passado sobre ele o apelo dos deuses. É para todos os dias que precisas de educar e afinar a alma; é para te sentires o mesmo em todos os minutos que deves dominar os impulsos e ser obstinadamente calmo ante as dificuldades e os perigos, as alegrias e os triunfos. O constante exercício do ginasta te sirva de estímulo e de guia; que saibas dar um passo com a mesma segurança, leveza e calma com que poderias dar um salto; aprende a ter nas resistências o esforço dos ataques. O que a vida apresenta de pior não é a violenta catástrofe, mas a monotonia dos momentos semelhantes; numa ou se morre ou se vence, na outra verás que o maior número nem venceu nem morreu: flutua sem norte e sem esperança. Não te deixes derrubar pela insignificância dos pequenos movimentos e serás homem para os grandes; se jamais te faltar a coragem para afrontar os dias em que nada se passa, poderás sem receio esperar os tempos em que o mundo se vira.

Agostinho da Silva, in 'Textos e Ensaios Filosóficos'


segunda-feira, 26 de maio de 2008

Todos os Fins São Neutralizados

Todos os fins são neutralizados, e os juízos de valor viram-se uns contra os outros: Dizemos bom aquele que só escuta o seu coração, mas também aquele que só escuta o seu dever; Dizemos que é bom o indulgente, o pacífico, mas também dizemos que é bom o valente, o inflexível, o rígido; Dizemos bom aquele que não pratica a violência contra si próprio, mas também dizemos bom o herói, que triunfa de si mesmo; Dizemos bom o amigo da verdade absoluta, mas também dizemos bom o homem piedoso, que tudo transfigura; Dizemos bom aquele que é altaneiro, mas também dizemos bom o homem piedoso; Dizemos bom o homem distinto, o aristocrata, mas também dizemos bom aquele que não é, nem desdenhoso, nem arrogante; Dizemos bom o homem cordato, que evita conflitos, mas também dizemos bom o que deseja a luta e a vitória; Dizemos bom aquele que quer ser sempre o primeiro, mas também dizemos bom aquele que não deseja sobrepor-se a ninguém.

Friedrich Nietzsche, in 'A Vontade de Poder'


sexta-feira, 23 de maio de 2008

Insonia

Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir.

Espera-me uma insônia da largura dos astros,
E um bocejo inútil do comprimento do mundo.

Não durmo; não posso ler quando acordo de noite,
Não posso escrever quando acordo de noite,
Não posso pensar quando acordo de noite —
Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite!

Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer!

Não durmo, jazo, cadáver acordado, sentindo,
E o meu sentimento é um pensamento vazio.
Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que me não sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que não são nada,
E até dessas me arrependo, me culpo, e não durmo.

Não tenho força para ter energia para acender um cigarro.
Fito a parede fronteira do quarto como se fosse o universo.
Lá fora há o silêncio dessa coisa toda.
Um grande silêncio apavorante noutra ocasião qualquer,
Noutra ocasião qualquer em que eu pudesse sentir.

Estou escrevendo versos realmente simpáticos —
Versos a dizer que não tenho nada que dizer,
Versos a teimar em dizer isso,
Versos, versos, versos, versos, versos...
Tantos versos...
E a verdade toda, e a vida toda fora deles e de mim!

Tenho sono, não durmo, sinto e não sei em que sentir.
Sou uma sensação sem pessoa correspondente,
Uma abstração de autoconsciência sem de quê,
Salvo o necessário para sentir consciência,
Salvo — sei lá salvo o quê...

Não durmo. Não durmo. Não durmo.
Que grande sono em toda a cabeça e em cima dos olhos e na alma!
Que grande sono em tudo exceto no poder dormir!

Ó madrugada, tardas tanto... Vem...
Vem, inutilmente,
Trazer-me outro dia igual a este, a ser seguido por outra noite igual a esta...
Vem trazer-me a alegria dessa esperança triste,
Porque sempre és alegre, e sempre trazes esperança,
Segundo a velha literatura das sensações.

Vem, traz a esperança, vem, traz a esperança.
O meu cansaço entra pelo colchão dentro.
Doem-me as costas de não estar deitado de lado.
Se estivesse deitado de lado doíam-me as costas de estar deitado de lado.
Vem, madrugada, chega!

Que horas são? Não sei.
Não tenho energia para estender uma mão para o relógio,
Não tenho energia para nada, para mais nada...
Só para estes versos, escritos no dia seguinte.
Sim, escritos no dia seguinte.
Todos os versos são sempre escritos no dia seguinte.

Noite absoluta, sossego absoluto, lá fora.
Paz em toda a Natureza.
A Humanidade repousa e esquece as suas amarguras.
Exatamente.
A Humanidade esquece as suas alegrias e amarguras.
Costuma dizer-se isto.
A Humanidade esquece, sim, a Humanidade esquece,
Mas mesmo acordada a Humanidade esquece.
Exactamente. Mas não durmo.

Álvaro de Campos


quarta-feira, 21 de maio de 2008

O Medo

O Medo - Edvard Munch


O medo é o que impede que tudo o que chega às mãos dos homens não se torne em sua propriedade. Basta produzir uma impressão que não se pode explicar, inserindo no medo o desconforto da culpa. É assim que milhões de pessoas podem ser pastoreadas nas ribeiras da paz por muito poucas. E nas trincheiras da guerra por outras tantas, senão as mesmas.
Agustina Bessa-Luís, in 'Antes do Degelo'


segunda-feira, 19 de maio de 2008

Cara Metade

"Um dia,

quando a ternura for a única regra da manhã,

acordarei entre os teus braços,

a tua pele será talvez demasiado bela e a luz

compreenderá a impossível compreensão do amor.

Um dia,quando a chuva secar na memória,

quando o inverno for tão distante,

quando o frio responder devagar

com a voz arrastada de um velho,

estarei contigo e cantarão

no parapeito da nossa janela, sim,

cantarão pássaros, haverá flores,

mas nada disso será culpa minha,

eu acordarei nos teus braços
e não direi nem uma palavra,

nem o princípio de uma palavra,

para não estragar a perfeição da felicidade."


José Luis Peixoto



sexta-feira, 16 de maio de 2008

Libertação...

Estou preso, estou vedado do exterior, exceptos alguns momentos em que consigo escapar desta prisão que me oculta do mundo, deste carrasco que mantem na sua masmorra. Consigo olhar para fora, mas ninguem me vê, ninguem me sente, ninguem me ouve. São gritos mudos que ecoam entre quatro paredes. Esta cela frio, escura, solitária amordaça a minha voz, oprime o meu pensamento, atrofia o corpo e alma sugando tudo, como se um Buraco Negro fosse... quero fugir, quero libertar-me desta cela, quero sair deste comum mortal que me oprime dentro dele, quero ser eu, não quero ser esta capa que camufla... quer acabar esta ultima fase da metamorfose, quero ser a borboleta que estou destinado a ser... quero sair deste casulo redutor, esticar as asas e voar... voar... libertar o pensamento... ver com os meus olhos, não os olhos dos outros... Sentir o que tenho a sentir, não quero saber das emoções de terceiros... quero ser a minha vontade, não quero ser mais um igual a tantos outros... quero ser um individuo, não uma copia daquilo que alguem idealizou... quero ser eu... quero livrar-me desta prisão que hà em mim..


quinta-feira, 15 de maio de 2008

Silencio, o som do silencio...

Estou cansado, à horas que ando e ando sem parar. No entanto o que mais me atormenta não são os passos que dou, é todo este barulho metropolitano. Os mais atentos consegurm ouvir um barulho. Um barulho que é quase ultra-sónico, não se ouve... os gritos daquilo que não se diz... o marido que não diz à mulher que a ama, a mulher que não diz que sente a falta do marido e o quanto ele é importante na sua vida... o amigo que não agradece a amizade dos que o rodeiam... os filhos que não demonstram o afecto pelos progenitores e o quanto estão gratos pela vida que lhes proporcionam... o patrão que não diz uma palavra de apreço pela dedicação dos seus colaboradores... o "pecador" que não pede desculpa ao lesado da sua vil ganancia e individualísmo... o Homem que não faz o "MEA CULPA" de toda a sua História...tudo isto é o SOM DO SILENCIO... uma faca que dilacera o corpo e alma... tudo isto é nada, tudo isto é vazio, tudo isto é o fado da vida...


quarta-feira, 14 de maio de 2008

O isilio em mim...

Acordo e dou comigo no meio da multidão... afinal, não dormira, apenas estava a caminhar na rua sem qualquer sentido, sem orientação. Vagueava na rua como outro transeunte. Eu sou mais um, num vai e vem da vida, sou mais um que quando levanto os olhos e tento fixar um rosto, ou vejo um espelho de mim ou então, simplesmente, não vejo. As pessoas não sorriem, as pessoas têm medo de olhar olhos nos olhos, as pessoas fecham-se em si, no seu mundo, no seu vazio. Cada vez mais se lê o jornal, ouve-se musica... Onde está o acto de outros tempos de cumprimentar quem passa? Eu nem os vizinhos conheço, quando estou no elevador e me cruzo com alguem não sei se são moradores ou visitas...Que vazio... Andamos no meio da multidão mas sozinhos, vazios... cada vez mais vazios...
Onde estão os sorrisos das pessoas? Onde estão o olhares curiosos? Onde estou eu? O que é feito de mim, dos meus sonhos, objectivos?
E tu? Já paraste para pensar onde vagueias? Já sabes onde vais? Já preencheste o vazio ou continuas a coleccionar elementos neutros da vida?

"Be clear eveery evening
It calls here aloud from above
Carefully watched for a reason
Mistaking devotion and love
Surrendered to self-preservation
From others who care for themselves
But life as it touches perfection
Appears just like anything else

Isolation
Mother, I tried, please believe me
I'm doing the best that I can
I'm ashamed of the things
I've been put through
I'm ashamed of the person I am

Isolation
But if you could just see the beauty
These things I could never describe
Pleasures and wayward distraction
Is this my wonderful prize?
Isolation "
Ian Curtins/Joy Division


terça-feira, 13 de maio de 2008

O Vazio deste Mundo

No meio de tanta referencia, onde anda a essencia de cada um? Onde está a vontade individual, o sonho de ir mais além? Diluída na pressão constante do dia-dia? Misturado na vontade global de um vazio?