sexta-feira, 6 de junho de 2008

A sombra

A luz incide em mim. Não penetra, assim como os olhares de quem passa e faz parte desta multidão. Quem me olha vê a minha imagem, não o que sinto, o que penso, o que realmente sou. No entanto muitos me julgam, tentam avaliar-me, tentam perceber-me sem nunca terem espreitado para dentro de mim. Outros nem por isso, olham para mim como se fossem uma luz, tentam manipular-me como eu se fosse as suas mãos, as mão que se gesticulam em formas armoniosas, em sombras Chinesas... eu sou para muitos uma sombra da minha imagem que alguns manipulam como se fosse uma parte deles proprios...


2 comentários:

inês disse...

Caro Desconhecido
o erro já foi corrigido!obrigado por ter reparado *

Hum... vodka limão, p.f. disse...

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.

Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?

Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.

Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!

Alberto Caeiro